segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Se Jesus fosse Deus mesmo, ele seria nosso pai, e não nosso irmão

JOSÉ REIS CHAVES

Foi o Concílio Ecumênico de Niceia (325) que decretou um dos dogmas mais polêmicos do cristianismo, ou seja, o da divindade de Jesus, que deu início à criação da Santíssima Trindade Cristã.
Jesus se encarnou entre os judeus por eles serem monoteístas, um povo, pois, já preparado para receber a sua mensagem evangélica também monoteísta, a qual destaca que Deus é um só, e o qual Jesus denominou de Pai Dele e de todos nós.

Mas Jesus se tornou o maior herege do judaísmo. Ele desprezou as questões doutrinárias judaicas menos importantes e destacou as que eram realmente mais importantes para a nossa evolução em busca da nossa perfeição semelhante à de Deus, não igual, jamais, à de Deus, pois a de Deus é infinita, enquanto a nossa, por mais avançada que já possa ser, será sempre finita. Fomos criados, pois, à semelhança de Deus em estado de potencialidade, ou seja, como se fôssemos uma semente que não é ainda uma planta atualizada, o que só acontecerá no futuro, depois de muitas reencarnações, pois numa vida só não podemos nem começar a nossa evolução, menos ainda atingir o nível de uma perfeição semelhante à de Deus.

E um exemplo de perfeição semelhante à de Deus que podemos conseguir é a de Jesus, que se aperfeiçoou para se tornar o Salvador de todos os seres humanos, quando eles passarem a seguir realmente a sua doutrina de amor incondicional e irrestrito, sem o que não há salvação. “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu, e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos” (Hebreus 5: 8 e 9). Como se vê no texto citado, vão salvando-se apenas os que lhe obedecem, ou seja, que praticam mesmo a sua mensagem evangélica de amor a Deus e ao próximo.

Reforçam essa verdade outros textos bíblicos: “Pois tanto o que santifica, como os que são santificados, todos vêm de um só. Por isso é que ele não se envergonha de lhes chamar de irmãos” (Hebreus 2: 11). Essa última citação bíblica demonstra-nos que Jesus e todos nós fomos criados pelo único Deus verdadeiro, e disso se conclui que Jesus não é mesmo outro Deus absoluto e incriado (único ser incontigente de são Tomás de Aquino), mas apenas um Deus relativo, como todos nós o somos (Salmo 86: 6; João 10: 34; e 1 Timóteo 2: 5).

Jesus é Filho do homem, ou seja, da humanidade, porque Ele é, de fato, um homem. A esposa de Zebedeu e mãe de João Evangelista e Tiago Maior, de certa feita, aproximou-se de Jesus pedindo-lhe que, no Reino de Deus, deixasse os seus dois filhos citados sentar-se um à sua direita e outro à sua esquerda, mas Jesus respondeu-lhe que cabia ao Pai resolver isso (João 8: 43), o que nos demonstra também que o poder de Jesus não é o de Deus, como se lê também nesse mesmo Evangelho de João: “O Pai é maior do que eu” (João14:28). E na sua Ressurreição ou aparição para Maria Madalena, Jesus disse-lhe: “Mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (João 20: 17).

Cremos que ficou bem claro por que não chamamos Jesus de Pai e por que Ele próprio nos chama de seus irmãos. Realmente, é porque Ele não é o Deus único e verdadeiro, mas apenas Filho de Deus e, por isso, é Deus sim, mas relativo e não absoluto!

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