segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O inferno de Dante coloca o pai terreno acima do pai celestial


José Reis Chaves

O abuso das interpretações bíblicas, ora alegóricas, ora literais, é a causa principal das confusões doutrinárias da Bíblia que sempre dividiu os povos judaico-cristãos. 
 
Os teólogos antigos interpretavam a Bíblia literalmente. E foi Dante Aliguieri (século XIII) que, em “A Divina Comédia”, retratou bem as ideias erradas deles, principalmente as sobre o inferno bíblico e mitológico “hades”. A Igreja se libertou desse inferno exotérico ou literal. Hoje, ela interpreta-o de modo esotérico ou figurado, como deve ser. Mas, infelizmente, nossos irmãos evangélicos, que estão uns cem anos atrás da Igreja em questões bíblico-teológicas, continuam defendendo ainda aquelas mesmas ideias medievais erradas católicas sobre o inferno. E perguntamos quem sabe mais de Bíblia e de teologia, os teólogos antigos ou os atuais?

Os termos grego “aionios”, hebraico “ôlam” e o latino “aeternus” significam tempo longo e indefinido, e não eterno ou sem fim como se passou a entender na sua tradução para o português. Tempo sem fim seria em grego “áidios”, e em latim “sempiternus” (sempiterno). E a hermenêutica nos ensina que as traduções dos textos antigos devem seguir o significado das palavras da época em que eles foram escritos. 

E quem, primeiramente, chamou a atenção para esse erro de tradução da Bíblia não foram os teólogos mergulhados nos seus enganos, mas os cientistas iluministas europeus do século XIX. E contra a ciência, em vão, reagem pastores evangélicos conservadores, com seus argumentos insustentáveis. E credite neles quem quiser!

E vamos ver alguns textos bíblicos que nos comprovam que a eternidade do inferno é mesmo um tempo indefinido (“ôlam”, “aionios” e “aeternus”). Aliás, até os anjos têm suas fases de eternidades evolutivas: querubins, serafins e arcanjos.
 
Mas antes afirmamos que aceitamos somente em parte as teses bíblicas do Seminário de Jesus, que ensina que é verdade apenas 18% do que diz a Bíblia que Jesus disse. Não podemos atribuir a Deus tudo dela, porque ela tem coisas de espíritos atrasados que foram tomados como sendo do Espírito do próprio Deus: 

“Bendito seja o Senhor Deus de Israel, ‘de eternidade a eternidade’...” (16: 36); “...Bendito és tu, ó Senhor, Deus de nosso pai Israel, ‘de eternidade em eternidade’...” (1 Crônicas 29: 10); “Mas a misericórdia do Senhor é ‘de eternidade em eternidade’ sobre os que o temem...” (Salmo 103: 17); “...Levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus ‘de eternidade em eternidade’...” (Neemias 9: 5); “...Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, ‘de eternidade em eternidade’...” (Salmo 106: 48); “...Onde está, ó inferno, a tua destruição? Meus olhos não veem em mim arrependimento algum” (Oseias 13: 14); e “Não deixarás minha alma no inferno” (Salmo 15: 10).

Os textos bíblicos citados por si mesmos demonstram que o tal de inferno é mesmo de tempo indefinido, como o é o purgatório da Igreja elogiado por Kardec.

Se só um espírito se perdesse irremediavelmente, Deus teria falhado em seu projeto, e teríamos, pois, que admitir que “entrou um vírus, o diabo, no computador divino”! 

Se existisse mesmo o tal de inferno de Dante, ainda aceito por muitos cristãos, teríamos o absurdo de que os pais terrenos amam mais seus filhos do que o Pai Celestial!

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