Os anti-espíritas baseiam-se, em parte, na proibição de Moisés (não de Deus) de contato com os espíritos (Deuteronômio 18). E ela foi porque muitos faziam comércio e chantagem com a mediunidade.
Por que esses anti-espíritas não mandam matar a pedradas seus filhos adolescentes rebeldes contumazes, pois Moisés o determina? (Deuteronômio 21: 21). Por que não fazem a circuncisão? Por que consomem carne suína? E por que eles querem obedecer rigorosamente apenas à proibição mosaica da comunicação com os espíritos? E será que eles não percebem que essa própria proibição prova que existe mesmo essa comunicação? Sim, pois Moisés não era doido para proibir uma coisa que não existe!
E lembro-os de que Jesus, na transfiguração no monte Tabor, presidiu a uma verdadeira sessão espírita, pois Ele comunicou-se com os espíritos de Moisés e Elias, que haviam vivido, há muito tempo, aqui na Terra. E dessa sessão espírita participaram também os médiuns ostensivos Pedro, Tiago e João, que sempre eram convidados por Jesus para participarem com Ele dos seus feitos mediúnicos.
Vejamos um exemplo, que já apareceu em outras matérias minhas, mas que o repito para os leitores novos, para que se previnam contra as interpretações erradas de textos bíblicos por parte de seus líderes religiosos, com a intenção de esconderem os fatos espíritas bíblicos: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito: antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora” (1 João 4: 1). As profecias são feitas por espíritos. Daí Paulo ter-nos ensinado que os espíritos dos profetas são subordinados aos profetas (1 Coríntios 14: 32), que, hoje, são chamados de médiuns. É claríssimo que João se refere a espíritos. Se ele falasse de pessoas (profetas), ele diria: “Examinai os profetas, para saberdes se suas profecias são verdadeiras ou falsas”. Mas não, ele se refere mesmo a espíritos desencarnados manifestantes, que, às vezes, são denominados, popularmente, de fantasmas. Onde está no texto que espíritos nele significam pessoas (profetas)? Se esse trecho cair no vestibular para interpretação, e o vestibulando interpretar a palavra “espíritos” como sendo as pessoas (profetas), sem dúvida ele vai ser desclassificado. E observe-se que Eldade e Medade recebiam espíritos e profetizavam (Números 11: 24 a 30).
E a prova de que o texto de 1 João 4: 1 fala mesmo de espíritos e não de pessoas levou a Assembleia de Deus a fazer outra tradução dele completamente diferente, na qual até se omite a palavra “espíritos”: “Mui queridos amigos, não creiam em tudo que vocês ouvem, só porque alguém diz que é uma mensagem de Deus: examinem primeiro, para ver se realmente é. Porque há muitos falsos mestres por aí” (“A Grande Descoberta” – Novo Testamento).
Realmente, não só um autor bíblico, mas qualquer outro, quando usa a palavra espírito, está referindo-se a um espírito desencarnado. Para que se entenda que se trate de pessoa, é necessário que isso esteja claro. Um exemplo: Joaquim é um espírito aventureiro. Aqui se entende, claramente, que se trata de pessoa, pois está expressa essa ideia na frase, o que não ocorre com a passagem joanina citada, que se refere mesmo a espíritos!
E não foi Kardec, “o bom senso encarnado”, mas foram essa e outras passagens bíblicas que me levaram ao espiritismo!
José Reis Chaves