José Reis
Os adversários do espiritismo atacam injustamente Kardec, pois as ideias bíblico-teosófico-teológicas deste colunista não são necessariamente dele. Apenas procuro conciliá-las com a doutrina dos espíritos codificada por ele. E aproveito o ensejo para homenageá-lo, uma vez que dia 3.10.2015, foi seu 211º aniversário, pois, nasceu em 3.10.1804.
E declaro que aceitei o espiritismo, exatamente, porque vi nele muitas afinidades com a teosofia, a teologia cristã e a Bíblia interpretada racionalmente, e sem as viseiras dogmáticas confusas e polêmicas, que, entretanto, o espiritismo e eu respeitamos. Como teósofo, estudo Deus numa visão teológica universal, e não apenas com uma teologia.
Tudo que Deus faz é com perfeição e duração infinitas e sempiternas. E Ele é o criador e Senhor do tempo, existindo antes dele e controlando-o. Já para nós, o tempo é instável e não temos nenhum controle sobre ele. Como dizem os orientais, Deus é permanente, e nós somos impermanentes. O tempo de Deus em grego é “Kairos”, e o nosso é “cronos”.
A graça, por ser divina, jamais nos faltará. Aliás, ela é de graça mesmo! E até onde há mais pecado, há mais graça (Romanos 5: 20).
E assim, pois, as reencarnações jamais nos faltarão, sendo umas muito curtas e outras mais longas, de acordo com nossas necessidades evolutivas em busca da perfeição semelhante, não igual, à de Deus. Numa força de expressão, Jesus até disse: “Sede perfeitos como é perfeito vosso Pai celestial”. Mas com uma só vida não dá nem para começarmos a nossa perfeição, que deverá, no futuro, ser semelhante à de Deus.
A graça divina da salvação é para todos, pois Deus não faz acepção de pessoas. “Então falou Pedro, dizendo: ‘Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas’” (Atos 10: 34; Deuteronômio 10: 17; e Provérbios 28: 21).
Para nós, espíritos imortais, Deus está sempre nos dando o tempo necessário para a evolução de nossa perfeição. Sempre temos, pois, o tempo sempiterno, que vai sendo aproveitado por nós até que se concretize de fato em nós a graça infinita da salvação. Aliás, não adiantaria a graça e a misericórdia divinas infinitas e sempiternas, se não nos fosse dado também um tempo ilimitado para sermos agraciados com elas.
Se fôssemos, pois, limitados no tempo e no espaço por uma só encarnação, ser-nos-ia impossível a passagem pela porta estreita da salvação. Mas, para Deus, isso não é impossível (Mateus 17: 20) exatamente porque somos espíritos imortais, e Deus jamais nos deixará faltar o tempo que for necessário, com novas encarnações, até que consigamos mesmo, realmente, a graça e a misericórdia infinitas divinas e sempiternas para que nos tornemos, um dia, purgados e merecedores, pois, de passarmos pela difícil porta estreita, já que impureza não entra na dimensão celestial. E cabe, sim, a nós fazermos também a nossa parte, o que leva tempo, para que a cada um vá sendo dado segundo suas obras (Mateus 16: 27). É como diz este antigo e sábio provérbio: “Faça da sua parte e Deus o ajudará”.
Deus não quer que nenhum de seus filhos se perca (João 6: 39). Mas se houvesse só uma encarnação, essas tão decantadas misericórdia e graça divinas infinitas e sempiternas seriam uma grande mentira, pois elas deixariam de existir com apenas uma encarnação!
Nenhum comentário:
Postar um comentário