domingo, 15 de novembro de 2015

É com a morte ou o evangelho que Jesus resgata os pecados de muitos?




José Reis Chaves

Os primeiros discípulos de Jesus, os autores do Novo Testamento e o próprio Jesus eram todos judeus. Por isso, não foi fácil, com exceção Dele, eles livrarem-se da doutrina judaica de sacrifícios para pagar pecados a Deus e, por influência dela, da morte vicária (pagadora) de Jesus na cruz. Paulo foi quem mais a difundiu. Como seus escritos são os mais antigos do Novo Testamento, eles influenciaram os demais autores. Mas Jesus ensinou contra ela: “Misericórdia quero, e não sacrifícios” (Mateus 9: 13).

Eis como é essa doutrina de que sacrifícios são agradáveis a Deus e de que, pois, paga pecados: Deus ficou muito aborrecido com a humanidade por causa dos pecados dela, mas voltou a sorrir para nós quando aconteceu o sacrifício da morte de Jesus na cruz, sacrifício esse que teria agradado tanto a Deus que substituiria todos os outros sacrifícios. Eu a chamo de “teologia do sangue”. Mas será que Deus gosta mesmo de sangue e até de pessoas? Essa doutrina é mesmo uma blasfêmia contra Deus, pois ela iguala-O a espíritos vampiros atrasadíssimos.

A palavra grega “lutron” foi traduzida por resgate no texto bíblico: “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10: 45). Mas essa palavra grega pode ser traduzida também por “libertação”. E não se pode negar que o que nos liberta (salva) de fato é a vivência do Evangelho, sem o que poderiam morrer na cruz 300 Jesus, e ninguém se salvaria. Sim, porque a missão de Jesus foi verdadeiramente a de trazer-nos a Boa Nova, em consequência disso, O assassinaram, o que foi mais um grande pecado. Realmente, se Jesus ensinou que Deus não quer sacrifícios, mas misericórdia, ficou claro para nós que sacrifício é mesmo desagradável a Deus, e principalmente no caso de Jesus, pois foi o assassinato dum enviado de Deus todo especial: o Messias prometido. Além disso, como pode esse pecado gravíssimo pagar os pecados da humanidade? Isso seria semelhante à compra de uma coisa com dinheiro falso!

Realmente, o que nos salva mesmo é a doutrina da vivência do Evangelho. Ou Jesus perdeu seu tempo em no-la trazer? E ela tem por pedra angular o amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos. E Jesus foi taxativo sobre isso. Daí Ele ter dito que seus discípulos são conhecidos por se amarem uns aos outros (João 13: 35). Ensinou também que a cada um será dado segundo suas obras (Mateus 16: 27); amai-vos uns aos outros como eu vos amei (João 13: 34); perdoados lhe são seus muitos pecados, porque ela muito amou (Lucas 7: 47).

A lei universal, bíblica e divina de causa e efeito é uma grande verdade que discorda dos teólogos defensores do sacrifício da morte vicária (pagadora) de Jesus na cruz. Ele próprio disse a Tiago e a João, que queriam sentar-se um à sua direita e outro à sua esquerda (Marcos 10: 35), que isso competia a Deus determinar, isto é, à lei de Deus de causa e efeito ou da semeadura e da colheita. E isso está também de acordo com o fato de Jesus ter dito que deu sua vida em resgate para muitos, ou seja, apenas dos que já têm méritos (Marcos 10: 45), ficando a libertação dos outros para depois, quando eles tiverem vivenciado o evangelho para, aí sim, poderem passar igualmente pela porta estreita!




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