segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Se sua morte resgatou nossos pecados, pecado paga pecado!




José Reis Chaves


A morte vicária de Jesus na cruz significa que seu sofrimento foi muito agradável a Deus, e, em consequência disso, os pecados da humanidade, que tanto teriam ofendido a Deus, teriam sido resgatados ou pagos. Isso é o que tenho chamado de teologia de sangue.

O pecado faz sofrer nosso próximo e, por consequência, de acordo com a lei inexorável bíblica e universal de causa e efeito, faz-nos sofrer também, pois a cada um será dado de acordo com suas obras (Mateus 16: 27). E ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo (Mateus 5: 26). Isso quer dizer que, quando pagarmos o último centavo de nossas faltas, estaremos quites com a lei de causa e efeito e, portanto, não vamos pagar mais nada, o que derruba totalmente por terra as chamadas penas eternas no sentido como foram entendidas, erradamente, pelos teólogos cristãos antigos e ainda por um grande número dos da atualidade.

As exceções dos que não aceitam essas ideias absurdas incompatíveis com o Deus verdadeiro de amor infinito e irrestrito para com todos os seus filhos (Atos 10: 34) são dos teólogos cristãos espíritas e de uma minoria de avançados teólogos católicos e protestantes. E os cristãos ainda mais agarrados a essas ideias de um Deus pagão, sofredor, de terror e vingador, com suas penas infernais sempiternas, são os nossos irmãos evangélicos. Aliás, muitos pastores, não todos, usam essas penas infernais como meio de amedrontar seus fiéis e, assim, pegarem mais dízimos deles.
Todas as religiões recebem influências de outras. O cristianismo as recebeu dos judeus antigos, que, por sua vez, receberam as dos fenícios, caldeus e outros povos antigos da região do chamado Oriente Médio.

Essas ideias de um Deus que sofre com as nossas faltas e de ser Ele um castigador vingativo cruel e antropomórfico (de natureza humana) originaram-se dos deuses ou espíritos humanos desencarnados que se comunicavam através dos médiuns (na Bíblia, profetas), deuses esses que foram erradamente tidos como sendo o próprio e verdadeiro Deus. E esses deuses ou espíritos desencarnados são confirmados pelo próprio Jesus: “Vós sois deuses” (João 10: 34). Entre esses deuses há os bons, os mais ou menos e os maus e enganadores. Daí João Evangelista nos recomendar que examinemos os espíritos para sabermos se são bons ou maus, para que não venhamos dar crédito aos que são maus (Primeira Carta de João 4: 1). É por isso que Moisés, também, até proibiu a comunicação com os espíritos desencarnados (Deuteronômio capítulo 18).

Mas ele elogiou os médiuns (profetas na Bíblia) esclarecidos, verdadeiros e não mercenários Medade e Heldade, os quais recebiam espíritos bons e profetizavam (Números 11: 24 a 30).
Deus não sofre com os nossos pecados, além de Ele não ser um espírito atrasado vampiro, que se deleita com sangue derramado e menos ainda com sangue humano. Que Deus seria esse? Essa teologia, além de ser absurda, leva muitos ao ateísmo!

Os deuses ou espíritos humanos evoluídos não ensinam a teologia de sangue nem que Deus sofre com os nossos pecados vingando-os de modo exagerado e, pois, injusto, e menos ainda esses espíritos humanos evoluídos ensinam o absurdo de que um pecado como o do assassinado de Jesus anula nossos pecados!

domingo, 15 de novembro de 2015

A sintonia espiritual correta com nosso ser profundo




Trigueirinho 

Quando nos dispomos a seguir a vontade do nosso ser profundo, interior, essa decisão traz uma paz e uma segurança que independem de circunstâncias externas. É como se víssemos nossa vida como um todo, sem sermos excessivamente envolvidos pelo passado ou com medo do futuro.

Essa segurança não é comum nem material, mas decorre do fato de estarmos fazendo a coisa certa para o momento. Além disso, percebemos que, nesse caso, todo o nosso ser emite uma determinada nota, como se estivesse confirmando estar certa a nossa ação. Isso nos é mostrado, porém, não por meio da euforia nem de quaisquer reações da personalidade, mas por meio de uma profunda certeza de que estamos em sintonia correta.

Não temos, assim, dúvidas de que nossos próprios atos terão consequências positivas. Se, ao contrário, agimos segundo o livre-arbítrio humano, não temos a mesma segurança. Podemos até estar decididos, mas nunca totalmente seguros. Enquanto a ação que se segue à aplicação da vontade pessoal parece-nos sempre duvidosa, seguir o impulso interior nunca nos traz dúvidas. Agimos, nesse último caso, como se as consequências não tivessem importância, como se tudo estivesse decidido a priori e não pudesse ser de outra forma. Dentro dessa percepção, mesmo quando nos são apresentadas outras possibilidades de escolha, é como se nos fossem estranhas e nada tivessem a ver conosco.

Para nos conectarmos na prática com o nível superior da nossa consciência, precisamos, por meio da intenção de estabelecer essa conexão, fazer um “apelo” e, assim, o canal vai começar a ser aberto. A resposta dos níveis superiores completa a formação desse canal. Quem faz, na verdade, a conexão não é a personalidade, pois a ela só cabe aspirar por isso; quem executa o processo é algo que conhecemos como a “supraconsciência”, ou seja, a consciência superior no nosso ser.

Há personalidades que fazem muito barulho quando expressam sua necessidade de unir-se com as dimensões superiores do ser, mas há outras que o fazem silenciosamente. É suficiente que nos aquietemos, sabendo que, quando chegamos a ter interesse pela busca dessa união, é porque há milhares de anos nosso eu superior está tentando nos atrair para ele. Assim, sendo esse processo bem mais amplo do que podemos supor, não há motivo algum para ansiedade nem para exteriorizações emocionais.

A mente por exemplo, deve ser colocada em motivos positivos, não egoístas. O indivíduo deve deixar, aos poucos, de pensar no próprio bem e querer melhorar para tornar-se cada vez mais apto a ajudar o próximo. Essas são atitudes coerentes com a energia e com a vocação da alma.

Sobre o eu superior e o eu profundo, podemos dizer que é uma consciência que se manifesta em três direções ao mesmo tempo: consciência de vida, consciência de grupo e autoconsciência. No nível do eu superior, não temos dúvida alguma de que somos Vida e temos aí a certeza da imortalidade. Também sabemos que somos um grupo e agimos em conexão com outras almas; quanto mais evoluído é o eu superior, tanto mais esse aspecto da sua consciência se aperfeiçoa, e, se estiver encarnado, ele então se reflete na experiência da personalidade. Finalmente, como eu superior, não perdemos a consciência de que somos um indivíduo. A fusão perfeita desses três estados – de ser vida, de ser grupo e de ser indivíduo – caracteriza o que é chamado de “eu superior”.

Para aprofundar no tema ou para conhecer as obras do autor, acessar o site www.irdin.org.br ou www.comunidadefigueira.org.br.

Jesus glorificou a si próprio diante de Deus com seu sacrifício




José Reis Chaves

Sabemos que Jesus é um homem, e respeitamos os que pensam que Ele é também outro Deus absoluto todo-poderoso tal qual o Deus incriado.

Ele assumiu a sua missão de vir ao nosso mundo como enviado de Deus para trazer-nos o evangelho que, ao ser seguido, nos salva ou liberta. E essa missão foi cumprida com muito gosto e amor por Ele. Daí que Ele cresceu muito diante de Deus que o glorificou. E é por isso, também, que Ele é chamado de nosso irmão maior e nosso modelo para a busca da nossa perfeição máxima.

Mas isso não é fácil. E Ele próprio nos ensinou o que devemos fazer para passarmos pela difícil porta estreita que simboliza a salvação. Segundo Ele, muitos querem passar por ela e não conseguem. É que eles não têm ainda méritos para isso. E eu digo que muitos, por enquanto, nem querem passar por essa porta! Mas é claro que esse dia, no futuro, vai chegar para eles também, pois para isso o espírito é imortal e existe a reencarnação.

E eis dois exemplos claríssimos de como se consegue a salvação. Referindo-se ao juízo final, Ele fala nos eleitos ou salvos que terão o mérito para transpor a porta estreita. À direita, ficarão aqueles que tiverem dado de comer a quem teve fome, que vestiram os nus, que visitaram os enfermos etc. E à esquerda ficarão aqueles que não fizeram essas coisas, e que, pois, tomaram bomba ou que ganharam segunda época na escola de aprendizagem e prática do bem que é este nosso mundo. O outro exemplo é o da parábola do bom samaritano, que se enquadra neste seu fundamental ensino: tudo o que fizestes ao menor de todos, isto é, o maior pecador irmão Dele e de nós foi feito a Ele próprio. Esse modo de Jesus falar que o bem e o mal feitos às pessoas foram feitos a Ele mesmo é porque Ele cumpre de modo perfeito o mandamento divino de que nós devemos amar nossos semelhantes como amamos a nós mesmos.         Aliás, Ele resumiu os Dez Mandamentos em dois: amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo. “Mestre, qual é o grande mandamento na lei?” Respondeu-lhe Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (Mateus 22: 36 a 40). Com esse ensinamento, Jesus nos dá uma síntese de tudo o que devemos fazer para que possamos conseguir a nossa salvação ou libertação. Mais claro do que Jesus diz, só se desenharmos! Mas há religiosos fanáticos que negam isso!

Vejamos outra fala Dele escrita por Lucas: “Porventura não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?” Lendo essa passagem, sem uma visão preconcebida, entende-se que, primeiro, Ele teria que padecer para só depois, ato contínuo, Ele entrar na sua glória como que se glorificando a si próprio e recebendo uma recompensa pelo seu padecimento. Isso quer dizer que Ele cresceu diante de Deus pela sua missão bem-cumprida. E até nisso, Ele, que como homem que atingiu o máximo de perfeição (Hebreus 5: 9), deixou um exemplo de que nós, igualmente, não devemos medir esforços para cumprir bem a nossa missão, de acordo com a vontade do Pai, para que, em retribuição, recebamos também a nossa glória!

A doutrina evangélica das obras e a paulina de sacrifícios e da graça



 José Reis Chaves
É bem conhecida a doutrina da salvação pelo sacrifício da morte de Jesus na cruz e pela graça, as duas muito defendidas por são Paulo. Mas existe outra doutrina da salvação por obras ensinada por Jesus e são Tiago.

O judaísmo acreditava muito em que os sacrifícios fossem agradáveis a Deus e que anulassem os pecados. E Paulo levou essa crença para os autores do Novo Testamento e, ipso facto, para o cristianismo.               Mas o verdadeiro Deus jamais poderia deleitar-se com sacrifícios de animais e menos ainda de pessoas. De fato, só podem agradar de sacrifícios espíritos atrasados e sádicos. “Misericórdia quero, e não sacrifícios” (Mateus 9: 13).

O profeta vidente precognitivo Oseias até profetizou essa condenação feita por Jesus: “Pois eu quero misericórdia, e não o sacrifício” (Oseias 6: 6). Paulo viu no sacrifício de Jesus na cruz o sacrifício perfeito que dispensaria todos os demais. Para ele, a morte de Jesus substitui com perfeição, e de modo eficaz, todos os sacrifícios, que, então, já não são mais necessários. E pode-se dizer que Paulo foi como que pego a laço pelo Espírito de Jesus já desencarnado, na estrada de Damasco, para ser um grande divulgador do evangelho. E Paulo concluiu ter recebido de graça essa missão de Jesus, porque ele era até um perseguidor do cristianismo e, inclusive, chefiou o apedrejamento de santo Estevão, o primeiro mártir cristão. E como, então, foi ser escolhido para tão grande missão? E ele concluiu que isso foi de graça. Também santo Agostinho, antes de sua conversão do maniqueísmo para o cristianismo, teve uma vida semelhante à de Paulo. E achou que esse encontro com a verdade cristã foi também uma graça que Deus lhe deu. E, assim, abraçou também as doutrinas paulinas da alossalvação (salvação vinda de fora), ou seja, do sacrifício de morte de Jesus na cruz e a da absurda salvação de graça.

E veio o frade agostiniano Lutero que, não querendo depender mais do papa, mas exclusivamente da Bíblia, criou a sua famosa tese “Sola Scriptura” (seguir somente as Escrituras e com livre interpretação), criando essas duas doutrinas para os protestantes. Mas os evangélicos passaram a defendê-las com um doentio fanatismo. E eles interpretam todos os textos bíblicos sob a ótica dessas duas doutrinas.

Mas qual ensino vale mais, o de Jesus, contrário a essas doutrinas, ou as de Paulo, Agostinho e Lutero? Fiquemos com o ensino de Jesus, que disse: “Eu não vim chamar justos, e sim pecadores (ao arrependimento)”.     Como se entende por esse texto, o pecador se salva por ele mesmo, e não pela morte de Jesus nem de graça, mas por uma atitude assumida por ele próprio, isto é, a atitude de seu arrependimento, que, inclusive, deve ser muito sincero. Mas é comum muitos evangélicos fanáticos, apreciadores da morte de Jesus na cruz e da salvação de graça ou da preguiça, entenderem que nós não podemos nem precisamos fazer nada para a nossa salvação. Vão gostar de moleza assim na China!
Porém, é o próprio são Paulo que, em outro momento, nos ensina que a salvação depende, sim, de nós também: “(...) justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo seu procedimento” (Romanos 2: 5 e 6). Assim, pois, não rasguemos o evangelho, pois a vivência dele é que, realmente, nos salva!

Se Jesus fosse Deus mesmo, seria imutável, e não viraria homem



 José Reis Chaves 

O Concílio Ecumênico de Niceia (325) decretou um dos mais polêmicos dogmas cristãos, o de que Jesus é Deus.

Conheço muitas pessoas das várias correntes cristãs que dizem que Jesus é Deus, mas apenas figurado, e não verdadeiro. Isso porque os seus líderes religiosos não têm argumentos convincentes de que Jesus é Deus mesmo. A resposta de que se trata de um mistério de Deus não cola mais, a não ser para as crianças. E os padres até evitam explicar essa questão em suas prédicas. E se alguém lhes faz perguntas sobre isso, eles, agora, estão dizendo: faça curso de teologia. Todos os padres fazem esse curso, mas só podem ser ordenados padres, se eles se comprometerem a aceitar, sem questionamentos, os dogmas.

E a coisa se complica mais ainda, porque a Terceira Pessoa Trinitária é tida também como sendo o Deus Espírito Santo. Deus Pai, ninguém nega que Ele é o Espírito Santo por excelência, o número um, a Causa Primeira de todas as coisas e a Inteligência Suprema (espiritismo), único Ser Incontingente (são Tomás de Aquino) e a causa causante de todas as coisas. Mas qual é o Espírito Santo verdadeiro, o do Pai da Primeira Pessoa ou o Espírito Santo da Terceira Pessoa? Cremos que seja o do Pai. Pela Bíblia, o da Terceira Pessoa é uma espécie de coletivo designando todos os espíritos desencarnados. “Nosso corpo é santuário ‘de um’ Espírito Santo” (1 Coríntios 6: 19) como está no original grego, e não “do” Espírito Santo como fazem erradamente os tradutores, dando a entender que se trata daquele Espírito Santo único da Terceira Pessoa.

Jesus pode até ser Deus, mas relativo, pois é criatura, e não absoluto, como o é o Deus Pai incriado. Quando Jesus fala que Ele e o Pai são um, Ele quer dizer que Ele está plenamente sintonizado com o Pai. E assim 

Ele dizia: A doutrina que prego não é minha, mas daquele que me enviou. É como um embaixador que representa o presidente de um país em outro país. Se houver algum problema entre as duas nações, o embaixador e o seu presidente são um em sintonia, pois seus pontos de vista são convergentes. O que o embaixador fala é tido como sendo a fala do seu presidente para o outro presidente. Lembremos que o Deus Pai tem sua identidade e Jesus tem também a sua. Um, pois, não é o outro. E ensinou Jesus que o Pai é maior do que Ele (João 14: 28). É maior porque Deus Pai é o Deus único e verdadeiro. Se Jesus fosse também Deus verdadeiro e absoluto, Ele e o Pai seriam do mesmo tamanho em poder divino, não havendo um maior nem outro menor do que o outro.

Sei que os teólogos dizem que o Pai é maior do que Jesus no sentido de que Jesus é também homem, e não no sentido de que Ele é Deus. Mas que Ele é um homem não se discute, pois temos certeza disso e é bíblico. Agora, os teólogos, sem o respaldo da Bíblia, o transformaram em outro Deus absoluto, quando Ele, como já vimos, só o é relativo, pois o cristianismo não é politeísta. E Ele era o Verbo de Deus, sim, e o Verbo era Deus, mas relativo, e não absoluto, pois é Filho de Deus. “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1 Timóteo 2: 5). E se Jesus fosse Deus mesmo absoluto, Ele não poderia transformar-se, tornando-se homem, pois Deus é imutável!

Chaves A graça da salvação é para todos, mas é impossível sem a reencarnação




 José Reis 

Os adversários do espiritismo atacam injustamente Kardec, pois as ideias bíblico-teosófico-teológicas deste colunista não são necessariamente dele. Apenas procuro conciliá-las com a doutrina dos espíritos codificada por ele. E aproveito o ensejo para homenageá-lo, uma vez que dia 3.10.2015, foi seu 211º aniversário, pois, nasceu em 3.10.1804.

E declaro que aceitei o espiritismo, exatamente, porque vi nele muitas afinidades com a teosofia, a teologia cristã e a Bíblia interpretada racionalmente, e sem as viseiras dogmáticas confusas e polêmicas, que, entretanto, o espiritismo e eu respeitamos. Como teósofo, estudo Deus numa visão teológica universal, e não apenas com uma teologia.

Tudo que Deus faz é com perfeição e duração infinitas e sempiternas. E Ele é o criador e Senhor do tempo, existindo antes dele e controlando-o. Já para nós, o tempo é instável e não temos nenhum controle sobre ele. Como dizem os orientais, Deus é permanente, e nós somos impermanentes. O tempo de Deus em grego é “Kairos”, e o nosso é “cronos”.

A graça, por ser divina, jamais nos faltará. Aliás, ela é de graça mesmo! E até onde há mais pecado, há mais graça (Romanos 5: 20).

E assim, pois, as reencarnações jamais nos faltarão, sendo umas muito curtas e outras mais longas, de acordo com nossas necessidades evolutivas em busca da perfeição semelhante, não igual, à de Deus. Numa força de expressão, Jesus até disse: “Sede perfeitos como é perfeito vosso Pai celestial”. Mas com uma só vida não dá nem para começarmos a nossa perfeição, que deverá, no futuro, ser semelhante à de Deus.

A graça divina da salvação é para todos, pois Deus não faz acepção de pessoas. “Então falou Pedro, dizendo: ‘Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas’” (Atos 10: 34; Deuteronômio 10: 17; e Provérbios 28: 21).

Para nós, espíritos imortais, Deus está sempre nos dando o tempo necessário para a evolução de nossa perfeição. Sempre temos, pois, o tempo sempiterno, que vai sendo aproveitado por nós até que se concretize de fato em nós a graça infinita da salvação. Aliás, não adiantaria a graça e a misericórdia divinas infinitas e sempiternas, se não nos fosse dado também um tempo ilimitado para sermos agraciados com elas.

Se fôssemos, pois, limitados no tempo e no espaço por uma só encarnação, ser-nos-ia impossível a passagem pela porta estreita da salvação. Mas, para Deus, isso não é impossível (Mateus 17: 20) exatamente porque somos espíritos imortais, e Deus jamais nos deixará faltar o tempo que for necessário, com novas encarnações, até que consigamos mesmo, realmente, a graça e a misericórdia infinitas divinas e sempiternas para que nos tornemos, um dia, purgados e merecedores, pois, de passarmos pela difícil porta estreita, já que impureza não entra na dimensão celestial. E cabe, sim, a nós fazermos também a nossa parte, o que leva tempo, para que a cada um vá sendo dado segundo suas obras (Mateus 16: 27). É como diz este antigo e sábio provérbio: “Faça da sua parte e Deus o ajudará”.

Deus não quer que nenhum de seus filhos se perca (João 6: 39). Mas se houvesse só uma encarnação, essas tão decantadas misericórdia e graça divinas infinitas e sempiternas seriam uma grande mentira, pois elas deixariam de existir com apenas uma encarnação!

Por que alguns mudam de igreja que nem macaco, de galho em galho



 José Reis Chaves 

As pessoas, hoje, mudam muito de religião. E algumas até têm mais de uma. É que elas vão evoluindo cultural e biblicamente, e passam, assim, a questionar questões que seus líderes religiosos ensinam. Daí que elas deixam sua comunidade religiosa e vão buscar outra, que, com o tempo, passa a ser também como a última que abandonaram.

Existe uma expressão latina muito conhecida com a qual os protestantes e evangélicos fazem questão de identificar-se: “Sola Scriptura” (“Somente as Escrituras”). Segundo eles, todo o conteúdo bíblico, e somente ele, é a base rigorosa de toda a sua crença. Mas, na prática, não é bem assim, pois vemos entre eles coisas contrárias à Bíblia e muitas outras apenas judaicas, e não bem cristãs. Sim, às vezes, eles até se prendem mais a questões do Velho Testamento do que às do Novo.

São Paulo converteu-se ao cristianismo, e levou para ele questões doutrinárias judaizantes, pois seus escritos (epístolas) foram os primeiros escritos do Novo Testamento, nos quais os evangelistas muito se basearam ao escreverem os evangelhos. Daí que algumas questões doutrinárias constantes dos evangelhos nem sempre foram ensinadas por Jesus, mas por Paulo. E essas influências judaico-paulinas, frequentemente, são até abusivas nos ensinos dos líderes religiosos, principalmente protestantes e mais ainda entre os evangélicos. Para Jesus as obras são mais importantes: “A cada um conforme suas obras” (Mateus 16: 27). Para os protestantes e evangélicos, vale mais a graça aliada à fé.

Para Paulo, a mulher não deve atuar dentro das igrejas. Ele ensina mesmo que ela não deve falar nada perante as comunidades reunidas nas igrejas. Aqui se percebe também claramente a influência machista bíblica do judaísmo do Velho Testamento, machismo esse que, com a evolução, é normal que deverá desaparecer. Mas é um exemplo de que, na Bíblia, nem tudo é certo! 

E há outras coisas na Bíblia que seus seguidores não adotam. Alguns exemplos disso são geralmente as leis mosaicas, e não as divinas ou naturais dos Dez Mandamentos. Uma delas manda matar os filhos muito rebeldes (Deuteronômio 21: 21). Outra proíbe o consumo de carne suína (Deuteronômio 14: 3 e 8). Outra lei mosaica proíbe também o contato com os demônios (“daimones” em grego, a língua original do Novo Testamento), demônios esses que, na verdade, são os espíritos dos mortos, e não de outra categoria de espíritos, como muita gente, erradamente, ainda pensa. Moisés proibiu esse contato com os espíritos dos mortos por causa da ignorância do povo sobre a mediunidade e, ainda, por causa do comércio e da charlatanice que muitos faziam com essa prática com os demônios ou espíritos dos mortos. Mas vejamos que, em outra parte, Moisés até elogia dois homens que se comunicavam com espíritos dos mortos ou demônios. É que esses dois homens, Eldade e Medade, entendiam de mediunidade, não faziam comércio com esse contato e até eram profetas (médiuns) de espíritos que profetizavam através deles. Sim, pois há dois tipos de profetas: o do espírito que se manifesta e do médium que o recebe (Números 11: 24 a 30).
Respeitemos a Bíblia, mas separemos nela, também, o joio do trigo. 

E é por não a conhecerem bem que as pessoas ficam confusas e inseguras, não se firmando em nenhuma igreja e ficando que nem macacos, de galho em galho!

É com a morte ou o evangelho que Jesus resgata os pecados de muitos?




José Reis Chaves

Os primeiros discípulos de Jesus, os autores do Novo Testamento e o próprio Jesus eram todos judeus. Por isso, não foi fácil, com exceção Dele, eles livrarem-se da doutrina judaica de sacrifícios para pagar pecados a Deus e, por influência dela, da morte vicária (pagadora) de Jesus na cruz. Paulo foi quem mais a difundiu. Como seus escritos são os mais antigos do Novo Testamento, eles influenciaram os demais autores. Mas Jesus ensinou contra ela: “Misericórdia quero, e não sacrifícios” (Mateus 9: 13).

Eis como é essa doutrina de que sacrifícios são agradáveis a Deus e de que, pois, paga pecados: Deus ficou muito aborrecido com a humanidade por causa dos pecados dela, mas voltou a sorrir para nós quando aconteceu o sacrifício da morte de Jesus na cruz, sacrifício esse que teria agradado tanto a Deus que substituiria todos os outros sacrifícios. Eu a chamo de “teologia do sangue”. Mas será que Deus gosta mesmo de sangue e até de pessoas? Essa doutrina é mesmo uma blasfêmia contra Deus, pois ela iguala-O a espíritos vampiros atrasadíssimos.

A palavra grega “lutron” foi traduzida por resgate no texto bíblico: “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10: 45). Mas essa palavra grega pode ser traduzida também por “libertação”. E não se pode negar que o que nos liberta (salva) de fato é a vivência do Evangelho, sem o que poderiam morrer na cruz 300 Jesus, e ninguém se salvaria. Sim, porque a missão de Jesus foi verdadeiramente a de trazer-nos a Boa Nova, em consequência disso, O assassinaram, o que foi mais um grande pecado. Realmente, se Jesus ensinou que Deus não quer sacrifícios, mas misericórdia, ficou claro para nós que sacrifício é mesmo desagradável a Deus, e principalmente no caso de Jesus, pois foi o assassinato dum enviado de Deus todo especial: o Messias prometido. Além disso, como pode esse pecado gravíssimo pagar os pecados da humanidade? Isso seria semelhante à compra de uma coisa com dinheiro falso!

Realmente, o que nos salva mesmo é a doutrina da vivência do Evangelho. Ou Jesus perdeu seu tempo em no-la trazer? E ela tem por pedra angular o amor a Deus e ao próximo como a nós mesmos. E Jesus foi taxativo sobre isso. Daí Ele ter dito que seus discípulos são conhecidos por se amarem uns aos outros (João 13: 35). Ensinou também que a cada um será dado segundo suas obras (Mateus 16: 27); amai-vos uns aos outros como eu vos amei (João 13: 34); perdoados lhe são seus muitos pecados, porque ela muito amou (Lucas 7: 47).

A lei universal, bíblica e divina de causa e efeito é uma grande verdade que discorda dos teólogos defensores do sacrifício da morte vicária (pagadora) de Jesus na cruz. Ele próprio disse a Tiago e a João, que queriam sentar-se um à sua direita e outro à sua esquerda (Marcos 10: 35), que isso competia a Deus determinar, isto é, à lei de Deus de causa e efeito ou da semeadura e da colheita. E isso está também de acordo com o fato de Jesus ter dito que deu sua vida em resgate para muitos, ou seja, apenas dos que já têm méritos (Marcos 10: 45), ficando a libertação dos outros para depois, quando eles tiverem vivenciado o evangelho para, aí sim, poderem passar igualmente pela porta estreita!




O dízimo é bíblico, mas pode ser um mal para doadores e recebedores


José Reis Chaves



O dízimo ajuda na propagação do cristianismo, mas também é causa do seu abandono por muitos decepcionados com o comércio feito com ele por uma parte de seus líderes religiosos. Muitos desses líderes até buscam a política para ganhar fama e mais dinheiro.

O dízimo está tanto no Velho Testamento como no Novo, mas ele era diferente do de hoje. No Velho Testamento, ele é do gado e dos produtos agrícolas, na época das colheitas.

Vamos a exemplos no Velho Testamento: “Também todas as dízimas da terra, tanto do grão do campo, como do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor” (Números 27: 30); e “No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara do pastor, o dízimo será santo ao Senhor” (Números 27: 32). “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos de Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação” (Números 18: 21). “Assim também apresentareis uma oferta de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel, e deles dareis a oferta do Senhor a Arão, o sacerdote” (Números 18: 28). Essas instruções foram recebidas e dadas por Moisés. O destino do dízimo, primeiramente, era, os levitas (famílias de sacerdotes), que, por sua vez, davam 10% para o sacerdote Arão, irmão de Moisés.

Havia também um dízimo especial, de três em três anos. E era para uma refeição coletiva de congraçamento, com todos comendo à vontade, e da qual todos da cidade participavam, os levitas, os estrangeiros, os órfãos, as viúvas e os próprios produtores.

No Novo Testamento, ele foi modificado, e, no passado, a Igreja até abusou dele, mas ela evoluiu muito em tudo. Hoje, ela não impõe nada sobre o seu valor, não importando, pois, quem doa nem quanto se doa. Já parte dos protestantes e evangélicos, mais os evangélicos, costumam abusar ainda do dízimo.

O dízimo está para uma igreja assim como está o imposto para um governo. Desconfiemos, pois, dos líderes religiosos e governantes, que, reciprocamente, exploram seus subordinados com dízimos e impostos elevados! “E lhes disse: Está escrito: Minha casa será chamada de casa; vós, porém, fazeis dela uma caverna de bandidos” (Mateus 21: 13).

Jesus não dá muita importância a dízimos: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!, que pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho, enquanto descuidais o que há de mais grave na lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade; é isto que era preciso fazer, sem omitir aquilo” (Mateus 23: 23).
O islamismo tem uma prática interessante de dízimo. Quem é rico, paga dízimo; quem é pobre, além de não pagar, recebe.

Também Paulo, o apóstolo dos gentios, via o dízimo com certa reserva. Um ensino dele demonstra isso: “Não pedimos a ninguém que nos desse o pão que comemos, mas com esforço e fadiga trabalhamos, noite e dia, para não ser de peso para nenhum de vós” (2 Tessalonicenses 3: 8).
O dízimo é um mal, quando o doador pensa que compra o céu doando muito, além de colaborar, assim, com o pecado do recebedor explorador de seus fiéis. (Ver mais: “Dízimo, deve-se ou não pagar?”: www.paulosnetos.net).

O espírita segue são Paulo, já que não come também à custa de seus irmãos de fé, mas trabalha para ganhar seu sustento, vivendo, pois, para o evangelho e não dele!